1808 = A Corte Portuguesa no Rio de Janeiro


Autor: Aníbal de Almeida Fernandes,


Texto inicial: Fevereiro 2002, última atualização: Fevereiro, 2023.


  D. João 6º


1) Situação em Portugal: A Europa está devastada pelo furacão Napoleão que mexeu em todos os tronos europeus e, no fim de 1807, está chegando em Portugal.



É a madrugada de 27/11/1807 e a corte, desesperada, se atropela com pressa e desordem no cais de Belém para embarcar, filhas sem pais, mulheres sem marido, pessoas da mais alta nobreza que esperam subir a bordo com a roupa do corpo e com pouco ou nenhum dinheiro. Mais de 700 carruagens trazem a família real e seus pertences, D. João chegou acompanhado de D. Pedro Carlos, infante de Espanha, primo de Carlota Joaquina, e tomam a nau capitânia Príncipe Real com 67 m. de comprimento que recebe mais de 1.000 passageiros e é a sala do trono flutuante da monarquia portuguesa,



logo depois chegam Dona Carlota, D. Pedro, as infantas e o infante D. Miguel, e se dividem em 4 navios, por questão de segurança dinástica, D. Pedro e D. Miguel embarcam com o pai; dona Carlota e 4 filhas embarcam na fragata Alfonso de Albuquerque; espera-se a rainha, Dona Maria 1ª, a Louca, com 73 anos que, aos urros entremeados de lamúrias e exclamações de Ai Jesus!, Ai Jesus!, recusa-se a embarcar, pois quer ficar com o povo e resistir



e, finalmente, é carregada nos braços pelo comandante da frota real e embarca no Príncipe Real. As 2 princesas do meio embarcam na Rainha de Portugal enquanto a tia e a cunhada de D. João embarcam no Príncipe do Brasil. Trazem consigo, metade do tesouro português, algo em torno de 80 milhões de cruzados, a outra metade já fora quase toda gasta para comprar a neutralidade com a França de Napoleão, sequiosa dos tronos europeus, e o que resta em Lisboa, cerca de 10 milhões de cruzados, não dava para mover o reino e pagar as dívidas, o que fará o general francês Junot derreter toda a prataria das igrejas e palácios, para pagar a manutenção das tropas de ocupação em Portugal na guerra que se seguirá e que matará 250.000 portugueses, ou seja, 1/12 da população portuguesa.


A transferência para o Brasil já fora sugerida, no séc. XVII, pelo famoso padre Antonio Vieira, conselheiro de D. João 4º (1641-1656). Depois, com a crescente penúria de Portugal e a enorme riqueza que vinha do Brasil, Luis da Cunha, diplomata de D. João 5º (1706-1750), reexamina a mudança proposta por Vieira, pois acha muito mais racional administrar o Brasil in situ.


Com o furacão napoleônico se aproximando, a loucura de D. Maria 1ª aumentando e a crescente insegurança militar de Portugal, a transferência da Corte Portuguesa voltou a ser cogitada por Rodrigo de Sousa Coutinho, (que é filho de um governador de Angola na época do Marquês de Pombal, de quem é afilhado), e foi educado pelo Marquês de Pombal para representar a nobreza instruída, ativa e preparada para administrar o Reino, ele é o futuro Conde de Linhares, que declara à Corte em 1798: que os domínios na Europa já não constituíam a capital e o centro do império Português.


A situação europeia está muito complicada por conta da exigência de Napoleão do Bloqueio Comercial contra a Inglaterra. Em 1806, o espanhol Manoel de Godoy 1º Ministro de Carlos 4º, e amante da rainha Maria Luisa, procura efetivar junto a Paris a partilha de Portugal em 3 partes: ao Norte a Etrúria, com o Minho e o Douro tendo o Porto por capital que seria entregue ao genro de Carlos 4º, Luis de Parma, como Rei de Etrúria, o Sul com o Alentejo e o Algarves fica para Godoy que terá o titulo de príncipe dos Algarves, o Centro com a Beira, Trás os Montes e Estremadura fica para os Bragança tendo Carlota Joaquina como regente. Em julho de 1807 o embaixador português em Paris recebe um ultimato para que Portugal rompa as relações com a Inglaterra. A 3/11/1807 Portugal concorda e manda pelo Marquês de Marialva diamantes brasileiros para acalmar Napoleão e solicita a Lord Strangford, o embaixador inglês de 27 anos tradutor de Camões, que se retire do país; a 18/11 Strangford pede o passaporte, fecha a embaixada e se abriga na esquadra inglesa ao largo de Lisboa, comandada por sir Sidney Smith, sendo que, os navios HMS Marborough, Bedford, London e Monarch sob o comando de Graham Moore escoltariam a frota portuguesa até o Brasil.


Esta proteção inglesa seria duramente cobrada pela Inglaterra através de um tratado feito por Lord Strangford em 1810, com total apoio de Rodrigo de Sousa Coutinho que por tal auxílio recebe, como cortesia, um retrato de Jorge 3º da Inglaterra com enfeites de diamantes e uma caixa de diamantes. Este malfadado tratado, pessimamente recebido pela Corte, atinge diretamente a soberania do reino com as seguintes particularidades: os ingleses estariam sujeitos somente à sua própria justiça, seus navios de guerra teriam acesso ilimitado às águas brasileiras e, quando em missão de proteção, eles seriam abastecidos pela Corte, a madeira brasileira poderia ser usada para a construção naval britânica, os ingleses poderiam negociar, e possuir propriedades, sem nenhuma restrição, não estariam sujeitos à Inquisição e teriam liberdade de culto, e o pior de tudo, a mais escandalosa sujeição, para os ingleses as taxas seriam apenas de 15% enquanto que para os brasileiros e portugueses a taxa era de 16%!!! Além disso, o altíssimo custo de instalação da Corte, que estava falida, no Rio obrigou D. João a obter um empréstimo de 600.000 libras da Inglaterra para manter funcionando a gigantesca burocracia da Corte dando como garantias de pagamento as receitas do arquipélago da Madeira e o monopólio da Coroa sobre o pau-brasil, receitas que eram vitais para o reino. Portugal já vinha, desde a época pós-descobrimentos, perdendo sua importância e força econômica e política no contexto mundial, que fora imensa, com mais de 50 fortes ao longo das ricas costas asiáticas, que dominavam as rotas e transações comerciais, que davam lucros extraordinários para Portugal, pois, infelizmente, a tenacidade, competência técnica, empresarial e logística que demonstrara, e o fizera dono do comércio global, acabara. Dois fatos causam um enorme prejuízo às finanças do reino: a Restauração dos Bragança, após o domínio espanhol de 1580 a 1640 custou muito caro, pois o auxilio inglês significou o casamento da filha de D. João 4º com o rei Carlos 2º da Inglaterra em 1661 e, para isso, houve o dote de 2 milhões de cruzados e a entrega da região de Tanger e Bombaim. Também a alegada expulsão dos holandeses de Pernambuco, em 1654, que fora o local mais rico do mundo colonial português, com sua exportação de açúcar atingindo 700 mil arrobas/ano, fez com que, entre 1661 (Tratado de paz de Haia) e 1730, Portugal tivesse que pagar, à Holanda, 4 milhões de cruzados de indenização, além de entregar o Ceilão e as ilhas Molucas para a Holanda.


Por conta dessa desastrada política de entrega de patrimônio e perda de renda, em 1800 Portugal já está sem força e dinheiro, pois acabara o dinheiro que vinha do Brasil, cujo apogeu foi entre 1720 e 1760, quando se estima que veio uma fortuna de 2.500 toneladas de ouro e 1,5 milhões de quilates de diamantes (ou 1.094 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de brilhantes, ou 1.200 toneladas de ouro), que ajudou a reconstruir Lisboa destruída pelo terremoto ao tempo de D. José 1º e do Marquês de Pombal cuja energia, dinamismo e autoridade tiraram Portugal da letargia em que estava desde a época pós-descobrimento abrindo as portas da Corte para os riquíssimos comerciantes que queriam ser nobres, aliás, como já fizera D. João 5º, visando conseguir recursos para manter o fausto da Corte empobrecida. Portugal era um país em acelerado processo de decadência, como metrópole autônoma, pois começou dando ao comerciante inglês as condições de igualdade com o comerciante português avançaram a ponto de sacrificar a indústria em prol da britânica e acabou por concordar em eliminar a lavoura brasileira para favorecer a agricultura das colônias inglesas das Antilhas.


2) A Viagem: A esquadra era, provavelmente, composta de 8 naus, 3 fragatas, 2 brigues, 1 escuna de guerra, 1 charrua de mantimentos e vários navios mercantes da marinha portuguesa num total de 56 barcos conforme os registros de bordo recuperados por Kenneth Light, ou 36 velas conforme Lord Strangford, ou mais de 30 barcos, como relada Kirsten Schultz.


 


Quanto ao número de emigrados varia enormemente, temos 15.000 (Schultz, 1998), minuciosos 13.800 (Rocha Martins IHGB, 1910), entre 8.000 e 15.000 (Manchester, Transferência da Corte para o Brasil) e, hoje em dia, fala-se no total de apenas 522 pessoas sendo 420 civis e 102 militares (Esparteiros, 1979, que aparecem no Almanaque da cidade do Rio de Janeiro de 1811, ou na Gazeta), citado por Nereu Cavalcanti, no Rio de Janeiro setecentista, porém, Kenneth Light, no livro The Migration of the Royal Family, baseado na carta que o comandante inglês, James Walker, do Bedford, enviou ao Almirantado em Londres informa que, só no Príncipe Real (com 67 m. por 16,5 m.) estavam 1.054 pessoas e, alem disso, ele avalia que de tripulantes havia entre 6.000 a 7.000. Nesta animada celeuma/controvérsia/estimativas eu opino que deveria haver entre 5.000 e 10.000 fugitivos uma vez que, apenas na nau Príncipe Real viajavam 1.054 pessoas, o que demonstra que essa quantidade de barcos (56 ou 36) era excessiva para trazer apenas 522 pessoas?? Há que se considerar que, pelos usos e costumes da época, a Família Real era servida, tanto por famílias nobres, como por enorme criadagem. Para a grandeza desses números, temos como referência, o palácio de Versalhes no séc. XVIII, onde havia 6.000 pessoas a serviço da família real, entre nobres da mais alta estirpe que vestiam e serviam as refeições ao Rei e a criadagem que limpava o palácio, inclusive da urina e fezes da multidão que não tinha banheiro para usar e fazia as necessidades nos corredores. O Príncipe de Condé, primo do rei, num jantar para apenas 8 convivas, tem 25 empregados servindo à mesa, fora a équipage de apoio interna, para surpresa do embaixador inglês.


Um registro informa que vieram 300 fidalgos, 2.000 funcionários diretos da corte, 700 padres, 500 advogados e 200 praticantes de medicina. (500 Anos de Sabor, Eda Romio, ER, 2000)


A esquadra deixa a barra do Tejo às 7,00 h. de 29/11/1807. A frota chegou a ser avistada pelo general francês Junot quando chegou a Lisboa e, daí, vem o dito ficou a ver navios. Muitos nobres do ancien regime não quiseram fugir, ainda abalados com o Massacre dos Távoras, em 1759 que supliciara membros da mais alta nobreza: o Duque de Aveiro, o Marquês e Marquesa de Távora e o filho Marquês novo de Távora e o Conde de Atouguia, feito na época do Marquês de Pombal, o enérgico 1º Ministro de D. José. Alguns nobres aderem ao inimigo e se apressam a fazer rapapés ao General Junot e a sua mulher Laura, Duquesa de d’Abrantès, que era da alta sociedade napoleônica, convidando-os para recepções. A viagem é cheia de privações, não há água corrente nem banheiros e as necessidades fisiológicas eram feitas em plataformas suspensas sobre a amurada dos navios, alem disso, na pressa do embarque, água, víveres, roupa de cama foram deixados no cais e precisam solicitar lençóis e cobertores da marinha britânica. Não há roupa de baixo para troca e na Alfonso de Albuquerque há uma infestação de piolhos que obriga as mulheres a raspar a cabeça, começando com Carlota Joaquina e as princesas reais. Não há nenhuma privacidade e alguns nobres têm que dormir no convés ao relento, sem camas nem cobertas, sendo molhados pela água do mar. A frota se divide após forte tempestade na ilha da Madeira, e a Príncipe Real e a Alfonso de Albuquerque à 22/1/1808, após 54 dias chegam a Salvador (46.000 habitantes)



e onde a família real pisa o solo brasileiro pela 1ª vez para agitação dos baianos que não os esperavam, aí ficando até 26/2/1808, seu primeiro compromisso oficial foi uma missa na catedral da Sé. Entretanto a Rainha de Portugal e a Príncipe do Brasil seguiram direto para o Rio, chegando a 17/1/1808, onde os viajantes permanecem a bordo aguardando a chegada do resto da esquadra, com a rainha Dona Maria e o regente D. João.


Há 203 anos, no dia 17 de janeiro de 1808, chegaram ao Rio de Janeiro as naus portuguesas Rainha de Portugal, Príncipe do Brasil e Conde Dom Henrique, que em consequência de um temporal, levantado no dia 9 de dezembro, se haviam separado dos demais navios que compunham a grande frota que conduzia para o Brasil e a Corte e o governo português. A bordo da primeira dessas naus estavam a princesa d. Carlota Joaquina, mulher do príncipe-regente D. João, acompanhada de seus filhos o príncipe d. Miguel, e as infantas d. Maria Teresa, d. Maria Isabel, d. Maria Francisca, d. Isabel Maria e d. Ana de Jesus. A bordo da nau "Príncipe do Brasil" vinham as irmãs da rainha d. Maria I: d. Maria Ana Vitória e d. Maria Benedita. Essas princesas não quiseram, entretanto, desembarcar nesse dia, preferindo ficar a bordo até a chegada ao Rio de Janeiro do príncipe-regente D. João e sua comitiva, a 7 de março. (Migalhas, nº 2.550).



Dom João 6º chega ao Rio


3) A chegada ao Brasil: Finalmente a corte reunida desembarca, às 15 horas de 7/3/1808, no Rio de Janeiro cuja população total era de 60.000 almas, das quais quase metade eram escravos negros, e recebe esta multidão de emigrados precariamente. A chegada à baía da Guanabara é assim descrita por um viajante da época:


Não existe viajante algum que, tendo visto o Rio, não fale com admiração do magnífico espetáculo proporcionado pela baía da cidade. Esta baía é ainda mais vasta que a baía de Constantinopla, pois tem 5 léguas de extensão por ¾ de milha de largura, é defendida por rochas graníticas de efeito grandioso e poderia acolher todas as frotas do mundo sem amontoamento.


Quando se entra na baía, após o sofrimento da longa travessia, fica-se comovido com o esplendor do panorama:


Porém que decepção se sente, oh meu Deus, quando se sai do ancoradouro?! Os perfumes que vem da baía são infectos!! A explicação é simples, a água das casas era transportada pelos escravos de várias fontes em barris semelhantes aos que, no fim da tarde, carregavam os detritos, pois as casas não têm fossa séptica já que o lençol freático, por causa do solo pantanoso, está muito próximo da superfície e todos os detritos domésticos são postos em barris que os escravos põem sobre a cabeça e vem, em procissão, para o mar onde os jogam, dá para imaginar o mau cheiro com o terrível calor do lugar, esses negros são como o símbolo da cidade. E o ponto onde jogam é próximo ao palácio e quem estiver na janela, não pode deixar de ver os horrorosos barris, que vão e vem na água da baía ao cair da tarde e cujo odor se faz sentir até o fundo dos quartos do Palácio Real e do Hotel Pharoux, que hospeda os estrangeiros e fica inabitável conforme a direção do vento. Mais tarde, uma viajante francesa diz que as margens da baía não passam de um vaso sanitário infecto e as praias que pareciam tão belas do navio, eram o receptáculo das imundícies de toda a cidade!!!!


A cidade andava extasiada com as notícias de que estava próximo o dia do rei, em pessoa, estar na exuberante, e acanhada, capital tropical e o vice-rei e capitão geral do Brasil, Dom Marcos de Noronha e Brito, apoiado pelos grandes da terra, preparava a recepção e a instalação da corte, dando exemplo ao despejar-se a si próprio, do palacete em que vivia para cedê-lo aos ilustres migrantes sem teto. E vinham, de Portugal, da Inglaterra e França, fortes comerciantes, da Itália vários artistas, da Áustria sábios naturalistas e da costa da África, pretos de várias compleições, num total de 5.000 a 10.000 pessoas. Na realidade, não resta opção para os moradores, pois uma das primeiras leis baixadas pelo regente, D. João, foi o direito de aposentadoria que consta das Ordenações do Reino, nos livros 2 e 4. Essa prerrogativa de aposentos (aposentos para morar, daí aposentadoria) era oferecida às pessoas dotadas de privilégios, que detinham os diversos cargos públicos, civis, militares e eclesiásticos e as demais pessoas privilegiadas da sociedade ligada à Corte, quando se deslocavam para outro sítio longe de sua residência, a serviço do Estado, ou do rei, e cuja consequência prática foi pedir que os fluminenses que tivessem mais que uma propriedade a cedessem aos migrados, ordem essa, que era extensiva às lojas e armazéns. Esta lei esteve em vigor até 1818. Para se entender essa forte arbitrariedade há que se entender o poder do rei em uma Monarquia Absoluta, onde o Estado era apenas um aspecto da glória do rei e não havia separação nítida entre as ações, desejos e vontades do rei, tanto no Estado como em sua vida particular, pois o rei é o senhor de tudo e reinava no país como dono da casa e em casa como dono do país. A corte do antigo regime absoluto estamental é entendida como uma imensa casa do rei, a Casa Real, e essa posse chega a tudo, tanto é que a separação dos fundos econômicos da Casa de Bragança e os fundos do Estado português só serão resolvidos com a criação de um Erário Público no 1º Reinado, por D. Pedro 1º Imperador do Brasil (1822-1831).


D. João VI e Carlota Joaquina




4) D. João 6º: (*13/5/1767 +10/3/1827), 27º Rei de Portugal, Duque de Bragança, Barcelos e Guimarães, Marquês de Viçosa, Conde de Arraiolos, é muito feio, baixo, gordo, bonachão, comilão chegando a devorar 3 frangos seguidos, arrematados por 4 ou 5 mangas, acompanhados por água, uma vez que raramente bebia vinho, era sossegado e sem vaidades, não gostava de roupas novas, muito carola e só foi rei porque seu irmão José morre de varíola em 1788 e a mãe é, oficialmente, declarada louca!!! em 1799, tornando-o Príncipe Regente, uma das causas desta loucura pode ter sido a tremenda culpa que Dona Maria sentiu por não ter permitido que seu filho D. José se vacinasse contra a varíola. Porém, apesar de uma aparente fraqueza ele representa a visão do futuro e da adaptabilidade à nova ordem, pós-revolução francesa na Corte portuguesa, é ele a querer vir para o novo mundo, é ele a querer ficar, e a fazer o Brasil, (Colônia e Vice Reino de 1500 a 1808), virar Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1808-1822), é ele a abrir os portos brasileiros logo ao chegar a Salvador, BA, a 28/1/1808,



num ato que é considerado o início da nossa emancipação econômica, é ele em Abril de 1808 a dar o Alvará de Liberdade Industrial que permite a abertura da tecelagem, da manufatura de metais e alimentos, porém a alegria dura pouco e os ingleses o forçam a taxar a mercadoria brasileira em 16%, enquanto que a inglesa tem apenas taxa de 15%, o que faz fracassar a indústria brasileira e o Brasil ser inundado com produtos ingleses sem penetração na Europa por conta do Bloqueio de Napoleão, (relatam que vieram até patins para neve) é ele que a 12/10/1808 funda o Banco do Brasil para controlar/regular a moeda, porém o desmando e a corrupção são de tal ordem e o dinheiro é emitido em tal quantidade que o lastro de ouro é superado e o dinheiro perde o valor e a respeitabilidade e, em 1821 carrega 5 mil contos de divida do público e 8 mil contos de dívida da Coroa. O Banco do Brasil, insolvente, fecha as portas a 23/7/1829. É a D. João 6º que o Brasil deve o futuro de grande esplendor e poderio econômico do café no Império, pois ele entregava com as próprias mãos aos vassalos mais chegados à corte as mudas de café, que manda trazer da África, ele construiu o Jardim Botânico, um observatório astronômico, um teatro, uma biblioteca pública, uma tipografia real, uma fábrica de pólvora, a Academia Militar, a Academia da Marinha. É ele, finalmente, a ter a perspicácia e visão política do futuro, ao fazer o filho ficar, cá no Brasil, quando urge voltar a Portugal para acalmar os ânimos dos reinóis indignados com a ausência do rei, é ele, D. João 6º, injustiçado pela história oficial que não lhe dá a unanimidade ao julgar como sua, a decisão de vir para o Brasil como estrategista competente que era ele, sem dúvida, a grande figura da Casa de Bragança, desta corte no exílio e a quem o Brasil deve sua existência como Nação. Ele foi um dos poucos monarcas europeus a reinar continuamente durante a época napoleônica o único a me tapear em todos os tempos como escreveu, sobre ele, Napoleão em Santa Helena. Sua vida no Rio, na Quinta da Boa Vista, é muito simples, acorda às 6,00 h., assiste à missa, é barbeado, toma o café da manhã e discute a administração da cidade. Almoça ao meio dia numa grande mesa oval e cercado por todos os nobres e dignitários e no fim, é assistido pelos filhos, D. Pedro que segura a bacia de prata e por D. Miguel que derrama água para que ele lave as mãos após a refeição. É fato histórico, comprovado, que guardava frangos inteiros nos bolsos das casacas engorduradas e puídas, Tobias Barreto informa que: não havia registro de D. João VI ter tomado banho de corpo inteiro tanto em Lisboa como no Rio. Dorme um pouco após o almoço e depois cuida dos negócios, passeia pela cidade e visita a mãe. Dorme por volta das 23,00 h.


5) Carlota Joaquina: (*25/4/1777 +7/1/1830), é a 1ª filha de Carlos 4º de Espanha e de Maria Luisa, a fogosa rainha que brigou com a Duquesa de Alba por ciúmes de Goya o grande pintor dos reis de Espanha. Carlota era bisneta de Luís XV, 4ª neta de Luís XIV, ambos reis de França, e profundamente orgulhosa de sua origem Bourbon, era muito feia com um rosto anguloso e quase masculino, com barba e bigode, com menos de 1,50 m e sonhava com a grandeza da Espanha, ela detestava o Brasil não vendo a hora de voltar para a Europa, não houve na corte no exílio, quem mais fez intrigas, e das mais ambiciosas, inclusive para submeter o reino português aos domínios espanhóis ou conseguir a Coroa de Espanha para si própria uma vez que seu pai Carlos 4º e seu irmão Fernando 7º estavam prisioneiros de Napoleão. Arrogante, cruel, vingativa e impetuosa tinha um gosto espalhafatoso para roupas e joias tendo a cabeça adornada com um arranjo de joias e plumas, foi considerada a Messalina, a Maria Antonieta, de Portugal. Tentou destronar o marido em 1805, mas foi impedida por D. João que passou a viver separado dela. Ela vive irrequieta, se deslocando do palácio Real no centro para um palacete num morro vizinho e para uma casa na praia do Botafogo, sempre cavalgando pela cidade cercada por uma guarda pessoal e exigindo que os passantes sejam quem forem, nobres ou estrangeiros, parem, se ajoelhem e façam reverências em sua passagem e mandando sua guarda pessoal agredir quem não as faça, isto gera tantos incidentes diplomáticos que D. João 6º isenta os estrangeiros desta obrigação. Quando sua filha mais velha Maria Teresa se casa, em 1810, com o primo D. Pedro Carlos, Infante de Espanha, ela fica furiosa e diz que prefere a filha jogada num poço de que casada com seu primo. Ao voltar para Portugal, a 25/4/1821, com D. João 6º levando 4.000 cortesãos ela disse, vou enfim encontrar uma terra habitada por homens, vivi 13 anos no escuro só vendo pretos e mulatos.


D. João 6º deixou de herança para Dona Carlota Joaquina cerca de 50 milhões de cruzados em dinheiro e 4 milhões em ouro alem de uma fortuna em brilhantes que ela usa para patrocinar a luta de seu filho D. Miguel (absolutista) contra seu outro filho D. Pedro, (constitucionalista) 2º (Brasil) e Pedro 4º (Portugal).


D. João e Carlota Joaquina tiveram 9 filhos, entre eles: 1 Imperador e Rei, 1 Rei e 2 Rainhas: Maria Teresa, princesa da Beira; mulher de Pedro Carlos, Antonio, morto jovem; Maria Isabel, rainha mulher de seu tio Fernando 7º (1784-1833) rei de Espanha; Pedro, 1º Imperador do Brasil e Rei Pedro 4º de Portugal; Maria Francisca, rainha mulher de Carlos 5º (1788-1855) rei de Espanha; Isabel Maria, regente de Portugal (1826-1828); Miguel, que pelo casamento com a filha de D. Pedro 1º, sua sobrinha, torna-se rei de Portugal, d. Miguel 1º; Maria, morta solteira e Ana Maria, duquesa de Loulé.


6) A adaptação da Corte aos trópicos: A corte endividada, e atônita, com a novidade dos trópicos encontrou na colônia um tecido social que estava assim estruturado: Já existia na colônia uma aristocracia de poder econômico e privilégio social composta de senhores de engenho, criadores de gado e fazendeiros produtores de víveres e mercadorias, os quais agrupados em clãs impenetráveis controlavam as áreas situadas em torno das principais cidades litorâneas sendo que a aristocracia nordestina era simpática a Portugal e a do sul era resistente ao poder real, (Alan Manchester). A apologia/mística do poder real enfatizava as propriedades inatas do soberano, enfatizando seu caráter paternal para com seu povo e sua procedência divina e sua capacidade divina de conceder graças, benesses e títulos tudo, obviamente, sempre muito bem pagos. A nobreza migrada era composta: da mais alta nobreza de sangue e espada, as orgulhosas famílias puritanas, (a data dos títulos está entre parêntesis), como os Marialva (1475), Penalva (1499), Abrantes (1504), Arcos (1620), Sabugosa (1640), Angeja (1654), São Miguel (1663), Lavradio (1664), Alorna (1667), Fronteira, Castelo Novo, São Lourenço, Óbidos, Gouveia, Ribeira Grande, S. João da Pesqueira, Alvor, Sta. Cruz, Vila Nova, Assumar, Alva, Miranda do Corvo, e a nobreza de toga, composta pelos comerciantes de grosso trato, nobilitados a partir de D. João 5º, que são mais recentes, ricos e influentes locados nos cargos da administração do reino, como os Anadia, Pombal, Vagos, Belmonte. No Brasil essas 2 nobrezas empenharam-se em manter sua proximidade com o Rei e alargar as distâncias, que as separavam das elites da terra criando uma tensão sociocultural, que marca a estada da corte no Brasil e foi usada por D. João 6º com maestria numa estratégia inteligentíssima para manter o controle do país e da Corte, e preservar a Dinastia Bragança. Os emigrados passam suas primeiras semanas em completo estado de choque cultural e emocional horrorizados com o clima, a insalubridade da cidade e a vulgaridade dos brasileiros e apavorados com as tempestades tropicais cheias de raios e trovões, pois na Europa raio e trovão são raros. As pesadas chuvas, calor e pestilência eram insuportáveis para os exilados:


o marquês de Borba escreve, desesperado, para os familiares: é um mundo novo, mas para pior!!!, eu nunca pensei terminar meus dias em terra de tanta abominação e escândalo.


Marrocos, arquivista real, escreve ao pai, só na Igreja da Misericórdia se enterrarão em 1811, para cima de 300 pessoas naturaes de Lisboa.


A Corte no Brasil e a distribuição de mercês honoríficas: Maria Beatriz Nizza da Silva [Wikpedia: Ler história]



Mas afinal que titulares acompanharam o príncipe regente naquilo que para eles constituiu um verdadeiro exílio? Uns partiram sozinhos, deixando mulher e filhos em Portugal para defenderem seus interesses; outros levaram consigo pelo menos uma parte da família, permanecendo no Reino os primogénitos para cuidarem de sua Casa e património. A lista fornecida por Luís Gonçalves dos Santos é a seguinte, com 14 Titulares:


1. Duque de Cadaval (falecido durante a passagem pela Baía). 2. Marquês de Alegrete, Luís Teles da Silva e Meneses. 3. Marquês de Angeja, D. José de Noronha Camões e Albuquerque. 4. Marquês de Belas, D. José de Vasconcelos e Sousa, marquesa e filhos. 5. Marquês do Lavradio, D. António de Almeida Soares e Portugal, marquesa e filhos. 6. Marquês de Pombal, Henrique José de Carvalho e Melo, e marquesa. 7. Marquês de Torres Novas, D. Álvaro António de Noronha Abranches Castelo Branco, e irmãos. 8. Marquês de Vagos, Nuno Telo da Silva. 9. Conde de Belmonte, D. Vasco Manuel da Câmara, condessa e filhos. 10. Conde de Caparica, D. Francisco de Meneses da Silveira, condessa e filhos. 11. Conde de Cavaleiros, D. Gregório Ferreira d’Eça e Meneses, e condessa. 12. Conde de Pombeiro, D. António Maria de Castelo Branco Correia e Cunha Vasconcelos e Sousa. 13. Conde de Redondo, Tomé José de Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses, e filhos. 14. Visconde de Anadia, José Rodrigues de Sá e Meneses. Esta lista de titulares foi pouco tempo depois aumentada: D. João de Almeida de Melo e Castro adquiriu o título de conde das Galveias a 2 de Dezembro de 1808. Com os despachos de 17 do mesmo mês, destinados a comemorar o aniversário da rainha D. Maria I, D. Rodrigo de Sousa Coutinho recebeu o título de conde de Linhares, e D. Fernando José de Portugal foi feito conde de Aguiar, tendo sido ambos escolhidos para o primeiro ministério do Rio de Janeiro, o primeiro com a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, e o segundo com a do Reino, sendo a de Negócios da Marinha e Ultramar ocupada pelo visconde de Anadia.


Os anos de 1817 e 1818 foram os mais faustosos da estada da corte no Brasil. Em particular o período entre a chegada da princesa Maria Leopoldina Josefina Carolina Von Habsburgo-Österreich, (*22/1/1797 +11/12/1826), filha de Francisco 1º, Imperador da Áustria-Hungria e Maria Teresa de Bourbon-Sicílias a 5/11/1817,



para o casamento com D. Pedro, Duque de Bragança e Príncipe do Brasil e o aniversário e a coroação e aclamação de D. João, a 13/5/1818, como monarca de uma centenária Casa Real europeia.





Foram inúmeras festas feitas com doações dos grandes negociantes nativos sempre com desfiles e arcos triunfais pelas ruas da cidade que deslumbraram, pelo luxo, fausto e riqueza, a população da cidade, pois eram acontecimentos totalmente inéditos para o Novo Mundo.


7) A adaptação dos brasileiros à Corte: Os sentimentos de vassalagem dos fluminenses se exprimem pelos muitos e gordos donativos feitos para sustentar o dia a dia da corte que era de manutenção caríssima e contínua, só em aves para a alimentação gastavam-se 75 contos de réis por mês, e, praticamente o rei não tinha nenhuma outra renda além da concessão das mercês, franqueada aos vassalos, como já era praxe em Portugal desde D. João 5º, 24º rei de Portugal, (1706-1750), e que era o principal capital econômico de que dispunha a monarquia para sobreviver. Em 1800 conseguia-se em Portugal, o Foro de Fidalgo por 25.000 cruzados e o Hábito de Cristo por 5.000 cruzados.


Portugal foi diferente, das demais nobrezas territoriais europeias, por não basear o seu estado, e o seu poder, exclusiva ou majoritariamente, nos senhorios da terra, lá havia uma categoria de nobre genuinamente lusitano, o fidalgo mercador.


A partir do Marquês de Pombal, no século XVIII, se consolida em Portugal a importância dos grandes comerciantes, com ofícios e cargos civis na sociedade portuguesa que participam da máquina administrativa e eles lutam pelo ideal da nobilitação uma vez que estão ficando cada vez mais ricos e poderosos, enquanto que a velha nobreza decaía e se endividava cada vez mais, perdendo a força.


8) A Quinta da Boa Vista e o Palácio Real:



D. João se instala na Quinta da Boa Vista (São Cristóvão) que recebe em doação do comerciante Elias Antonio Lopes, e a quem ele confidenciou maravilhado (sic): Eis aqui huma varanda Real, Eu não tinha em Portugal cousa assim. Porém, essa casa não convence como residência real a John Luccock que a considera: acanhada e pretensiosa, mal construída e pessimamente mobiliada. A Quinta da Boa Vista estava avaliada em 400 cruzados e rendeu a Elias a Comenda da Ordem de Cristo e o titulo de Cavaleiro da Casa Real, Elias ao morrer, em 1815, deixou uma fortuna de 235:908$701 (duzentos e trinta e cinco contos novecentos e oito mil setecentos e um réis) e, ainda mais, 110 escravos avaliados em 9 contos de réis.


Dona Maria fica no convento do Carmo. Carlota Joaquina fica na antiga sede do vice-reino no centro da cidade, que vira o Palácio Real, com 63,98 m. por 23,76 m. de área, sendo absolutamente desprezível como habitação real: um casarão sem nenhum mérito arquitetônico. Em 1817 a comitiva austríaca de dona Leopoldina se decepcionará com o palácio, que acha sujo e malcheiroso reclamando do estrume no terreiro do Paço e das nuvens de insetos que atraíam e comentam que: qualquer fidalgo alemão provinciano dispõe de uma residência mais bonita.


Terreiro do Paço e Palácio Real 1800


 



Paço  2000, foto Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora. 


A Corte se instala no que há de melhor na cidade, que é acanhada e extremamente provinciana e deixa muito a desejar perto do que fora feito de grandioso pelo Marquês de Pombal na Lisboa, pós-terremoto de 1755, com a enorme quantidade de ouro brasileiro enviada a Portugal, (estimativas: foram 1.094 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de brilhantes, ou 2.500 toneladas de ouro e 1,5 milhões de quilates de brilhantes, ou 1.200 toneladas de ouro).


9) A nobreza Brasileira com D. João VI com destaque para a Família Carneiro Leão: Manuel José da Costa Filgueiras Gayo informa no Nobiliário de Famílias de Portugal, que o foro de Cavaleiro ou Escudeiro era sinal de nobreza de sangue, principalmente, quando esse título já era usado antes da reforma de D. Sebastião em 1572 reforma esta, que simplificou, e facilitou as exigências para qualificar os novos titulares já inseridos na nova dinâmica social de grandes fortunas que começa a imperar entre a nobreza de Portugal a partir do século XVII.


Cabe aqui uma referência histórica de minha familia, pois no século XV, o 13º avô de Anibal, João de Arantes, Morador da Casa Real e Senhor da Quinta de Romay, foi feito por El Rei D. João 2º, (13º Rei de Portugal entre 1481-14950,) de quem era companheiro de armas, Condestável dos Espingardeiros a 2/1/1488, (conforme o documento histórico que confirma esta nomeação, Arquivo Distrital de Braga), e ele já era qualificado como Escudeiro Fidalgo de sangue e espada.



Entre os comerciantes de grosso trato fluminenses, (que tinham preponderância sobre os outros setores econômicos existentes na colônia, como os comerciantes reinóis e a aristocracia agrária nativa), que ajudaram a manter o passadio da corte e foram agraciados com Brasões, Comendas e Títulos destacam-se: Manoel Caetano Pinto cuja fortuna, em 1839, era de 280 contos de réis, José Inácio Vaz Vieira, Antonio Gomes Barroso, Antonio José Ferreira, genro de Manoel Caetano Pinto, com fortuna de 300 contos de réis, e vários outros, entre eles o mais influente, Brás Carneiro Leão (*3/2/1732 +3/6/1808), foi o maior dos comerciantes de grosso trato fluminense. Ele nasceu em Portugal em 1732, era filho de lavradores, aos 16 anos veio para o Brasil trabalhar na casa de um patrício, em troca de casa e comida, e depois transforma-se no maior dos negociantes de grosso trato do Rio de Janeiro e, já em 1802, fora agraciado com a Ordem de Cristo e era Cavaleiro da Casa Real e tinha carta de brasão para si e seus 6 filhos.  Louis de Freycinet, comentando a vida social do Rio informa que ficou atônito com a opulência das mulheres da família de Carneiro Leão as quais usam joias de tal magnificência que apenas os diamantes são avaliados em 6 milhões de francos!!


A viúva de Brás Carneiro Leão, Ana Francisca Rosa Maciel da Costa, é feita por D. João 6º, Baronesa de São Salvador de Campos, a 17/12/1812, que é o 1º brasileiro nato a receber mercê de título nobiliárquico no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Ela inicia uma exuberante quantidade de nobres brasileiros que será agraciada no Império com importantes títulos e postos. De Brás Carneiro Leão e Ana Francisca descendem os 11 titulares abaixo:


*Uma filha, Luisa Rosa Carneiro da Costa (1786-1843), casou-se com Paulo Fernandes Vianna, Intendente Chefe de Polícia, que era íntimo de D. João 6º e administrava a cidade do Rio, e deste casal descendem: Paulo, 1] Conde de São Simão; Maria, 2] Marquesa de Cunha e Ana Luiza, 3] Duquesa de Caxias.


*Um filho, José Fernando Carneiro Leão, que tinha o hábito da Ordem de Cristo desde 1810, será 4] Conde de Vila Nova de São José e diretor do Banco do Brasil, (sua mulher foi assassinada em Outubro de 1820 e a suspeita cairá sobre Carlota Joaquina que estaria interessada nos favores amorosos do Conde).


*Outra filha casa-se com o filho de Rodrigo de Souza Coutinho, 1ºConde de Linhares em 1808, Ministro de D. João 6º, que é o exemplo típico da nova nobreza portuguesa iniciada por D. João V, pois representa a nobilitação de mercadores de grosso trato sem nenhuma ascendência de linhagem nobre de sangue, ele era atarracado com cabelos encaracolados e de cor tão morena que os seus desafetos na Corte suspeitavam que ele tinha sangue africano. É filho de um governador de Angola no tempo do Marquês de Pombal que é seu padrinho e quis que o afilhado representasse uma nova nobreza ativa, educada e preparada para administrar o Reino.


*Outra filha, Ana Carneiro da Costa, será a 5] 1ª Viscondessa de Cachoeira.


*Outro filho, José Alexandre Carneiro Leão, será 6] Visconde de São Salvador de Campos.


*Outra filha, Francisca Mônica Carneiro da Costa, será 7] Marquesa de Baependi, e mãe do 8] Conde de Baependi e do 9] Barão de Juparanã.


*Sua neta Mariana será 10] Marquesa de Jacarepaguá.


*Sua bisneta Francisca será 11] Viscondessa de Carapebús.


10) Estilo de vida e hábitos dos brasileiros do Rio: Era essa a rotina de vida dos ricos fluminenses: levantavam às 9h., desjejum às 10h., trabalhavam até às 15h., fazem em seguida uma longa sesta e, às 20h., tomavam um chá com a família.



Quando eram convidados para a casa de amigos iam às 19h. e voltavam às 23h. Quando tinha baile voltavam às 2 ou 3 horas da madrugada. O almoço/jantar começava com uma sopa de carne com legumes, seguida de frango com arroz e molho picante, entre cada prato uma colherada de farinha de mandioca como se fosse o pão e, para refrescar o paladar, comiam laranjas e saladas. Como sobremesa tinham o arroz doce, queijo de minas, holandês ou inglês, frutas variadas e, para beber, porto ou madeira e o café. Somente os homens usam a faca, mulheres e crianças se servem com os dedos e as escravas comiam ao mesmo tempo, em pontos diversos da sala sendo que, por vezes, suas senhoras lhes dão um bocado com as próprias mãos. Os estrangeiros sentiam repugnância pelo prato de carne seca de Minas com feijão preto e farinha de mandioca, tudo isso cozido e amassado com os dedos que são lambidos no final.


Quanto à higiene pessoal, o inglês Henry Koster reparou na cuidadosa limpeza com o próprio corpo que os brasileiros de toda classe tem.


A mulher: vivia confinada, privada de liberdade, num contínuo isolamento, sempre fechada em casa e mesmo entre a nobreza vigorava a norma da província, de que a mulher só três vezes saía de casa, para ser batizada, para se casar, para ser enterrada. As mulheres costumavam sentar-se em esteiras, de pernas cruzadas à maneira oriental, junto às janelas rodeadas de escravas para servi-las. O ócio e a falta de exercícios rapidamente deformavam o corpo das adolescentes que, aos 13 anos assumiam o papel de matronas e, aos 18, já atingiam a plena maturidade física. A beleza feminina da época ia da moça do tipo quebradiço, quase doentio, à mulher gorda, mole, caseira, maternal, de coxas e nádegas largas, com pezinhos deformados por sapatos apertados demais, feitos de seda nas cores branca, azul, celeste, rosa, que duram 2 dias, pois as calçadas são péssimas, só em 1818 chega a moda dos sapatos envernizados de couro que são caríssimos. A cintura de vespa era apertada pelo espartilho. Os cabelos eram longos e com todos os formatos arquitetônicos possíveis e com nomes pitorescos: tapa missa e trepa moleque. Usavam xales de seda, lã, pelo de camelo, renda, tricô, musselina bordada de ouro ou prata.


O homem: sempre de barba e/ou bigode, se vestia como ingleses e tinham como característica o fardamento das diversas ordens, com guarda roupa composto de calças, calções, camisas, casacos, sobrecasacas, chambre de seda, lenços e gravatas, meias de seda, chapéus, jaquetas e xales de lã, tudo sempre muito colorido.


A vida social: é muito chata e as distrações pouco frequentes, pois quase não há reuniões sociais. Os jantares, bailes ou reuniões em casa particular, são coisas quase inexistentes. O 1º teatro foi construído por D. João e inaugurado a 12/10/1813, com o nome de Teatro São João, continha 1.020 poltronas e 112 camarotes. Carlota Joaquina, sempre descontente e odiando o Brasil, achava o Rio sem nenhuma sofisticação e julgava a cidade repugnante, terra de macacos e negros.


11) Choque entre a Nobreza Portuguesa e a incipiente Nobreza Brasileira administrado pelos Bragança ao criar uma dinâmica social no Brasil para se sustentar e manter a Dinastia: Graças a Napoleão, que provoca a mudança da Corte para o Brasil, tivemos a inserção política do Brasil no Reino de Portugal e a chance de crescer como nação no novo mundo que emerge do turbilhão social que varre a Europa e começa a reestruturar a sociedade europeia pós-revolução francesa, abrindo vários caminhos para o desenvolvimento, pois um rei Português, forte, independente e bem instalado, na distante Lisboa, jamais teria dado liberdade para que uma classe dirigente do Brasil Colônia ficasse rica e poderosa o suficiente para pleitear sua inserção no teatro social centenário da Corte recebendo dignidades e títulos nobiliárquicos. Entretanto o início econômico do Brasil, como nação, foi engolfado pela Inglaterra que se aproveita da debilidade da Corte no exílio e abusa de sua força estrangulando o incipiente desenvolvimento comercial brasileiro. A configuração social da corte de D. João 6º no Brasil é composta de uma mistura da nobreza europeia centenária, quase falida, e de nobres de toga bem mais recentes que eram os ricos vindos da classe comercial, graças à política de enobrecimento do Marquês de Pombal e, também, da elite da terra brasileira que tinha enorme riqueza e se liga animadamente à Corte honrados/cooptados/maravilhados com as Insígnias das Ordens centenárias e com os Brasões de Armas, dados como prêmio por relevantes serviços prestados ao rei e, principalmente, às grandes doações que permitiram a manutenção do fausto da Corte falida, tudo isso reproduz a mesma dinâmica social estabelecida em Portugal desde D. João 5º (1706-1750). Essa mesma dinâmica social continua na época de D. José 1º, (1750-1777), e de Dona Maria 1ª, (1777-1816), pois a desesperada necessidade de recursos, para manter a despesa crescente da corte real, faz com que o Rei conceda milhares de insígnias de Ordens religiosas e militares e, também, várias Cartas de Brasão de Armas, às famílias paulistas e fluminenses da Colonia, que as solicitavam e podiam pagar.


D. João 6º para conseguir renda em espécie para manter a Corte funcionando, durante os 13 anos que passou no Rio, concedeu títulos a 28 marqueses, 8 condes, 16 viscondes e 21 barões, além de conceder insígnias a 4.048: cavaleiros, comendadores e grã-cruzes da Ordem de Cristo, 1.422 comendas da Ordem de São Bento de Aviz e 590 comendas da Ordem de São Tiago, aos brasileiros que requeriam e tinham condições de pagar essas honrarias, que os distinguiam entre a elite da terra e eram muito procuradas, inclusive alguns dentre eles que receberam Brasões de Armas, depois usaram esses brasões junto com os títulos concedidos no Império, pelos 2 Imperadores.


NOTA: tudo isso reproduz a mesma dinâmica social estabelecida em Portugal desde D. João 5º (1706-1750) que continua na época de D. José 1º, (1750-1777), e de Dona Maria 1ª, (1777-1816), pois a desesperada necessidade de recursos para manter a despesa crescente da corte real fez com que fossem concedidas milhares de insígnias de Ordens religiosas e militares e, também, várias Cartas de Brasão de Armas, foram concedidas às famílias paulistanas e fluminenses, que as solicitavam. No Império, quando alguns membros dessas famílias receberam títulos de nobreza, alguns desses titulares transformaram tais Brasões de Armas, concedidos na época da Colônia e com direito a ser usado por sucessores, em Brasões de titulares do Império, como é o caso do Brasão Souza Queiroz, pois o Brasão usado pelos 2 Barões (Limeira e Souza Queiroz), foi concedido a 5/1/1818 por D. João VI ao Brigadeiro Luis Antonio de Sousa  (Brasão passado a 5/1/1818. Registrado no Cartório da Nobreza do Império, Livro 1, fls.80). No Império as rígidas leis de concessão de títulos e uso de brasão não permitem o uso do brasão aos descendentes, extinguindo-se o direito com a morte do titular que apenas recebe o título ad personam (só para ele próprio, enquanto vivo) e, a partir de 1871, o uso indevido de título, e/ou brasão, foi considerado crime de estelionato, dando cadeia para quem fosse pego nesse uso ilícito.


12] Estratégia que foi preservada no Império para manter a Dinastia: Esta prodigalidade do Rei D. João 6º consegue, graças a essa inteligentíssima estratégia, exterminar as possíveis ilusões democráticas pós-revolução francesa e lhe permite administrar e controlar, todas as classes sociais na dourada cadeia da subordinação ao Rei, sempre tendo em vista a preservação da pirâmide monárquica na qual esses ricos nativos brasileiros querem se inserir e mantém sob rígido controle tais indivíduos em seus ofícios e no devido respeito à sua autoridade Real, garantindo a sobrevivência da Dinastia, pois o Rei nesta sociedade estamental de uma monarquia absoluta, é o único dono de tudo e de todos no Reino que é a sua Casa, onde ele faz o que quer, quando quer. Esta semente de estrutura social, lastreada na ambição de ascensão social da elite brasileira, irá frutificar com tremenda intensidade no Império, que se instala após a volta de D. João 6º a Portugal em 1821



Os 2 Imperadores [fons honorum] se valem desta forte ambição de ser nobre que tem a elite brasileira, para sustentar o Império e lançar as bases da permanência de sua dinastia no Novo Mundo cercando-se, em apenas 67 anos, de barões, viscondes, condes e marqueses num total de 986 titulares que recebem 1.211 títulos (assim divididos: 3 Duques, 47 Marqueses, 51 Condes, 235 Viscondes e 875 Barões), que tudo devem ao Imperador que lhes concede esta benesse apenas ad personam (= de caráter pessoal isto é, vale apenas para o agraciado durante a vida, não sendo o Título da nobreza brasileira hereditário, detendo o Imperador o poder total de administrar com mão de ferro a sucessão do título e manter as famílias sob sua completa dependência, num aprimoramento muito esperto/ardiloso do que fazia D. João 6º).


Fons honorum, expressão latina para Fonte de Honra, é uma expressão que se refere ao direito legítimo que um Chefe de Estado, monarca ou chefe de família real tem, em virtude da sua posição oficial, de atribuir títulos nobiliárquicos, ordens de cavalaria ou ordens de mérito a outras pessoas.



D. Pedro I e Leopoldina




1º) o Império começa em 1822 com cerca de 4 milhões de habitantes e termina em 1889 com cerca de 18,8 milhões de habitantes e nesses 67 anos de Império apenas 986 pessoas receberam 1.211 títulos do Imperador, ou seja, apenas 0,0052% da população do Império o que amplia, em muito, as possibilidades de parentesco e contraparentesco entre esses titulares e clãs familiares daí o cuidado em destacar os avós comuns e dar a teia de parentescos entre os titulares.


2º) quanto ao brasão é muito mais restritivo ainda, pois foram concedidos apenas 239 brasões nesses 67 anos o que significa que, apenas 0,0013% da população do Império foi agraciada pelo Imperador com um brasão e é meritório que as poucas famílias que os tenham, os conheçam.


Tereza Cristina, D. Pedro II, Princesa Isabel




Leopoldina, D. Pedro II, Tereza Cristina, Princesa Isabel



#FLS, 4/4/2118,8 milhões, essa é aproximadamente a população brasileira de 1890, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


Esse conjunto de nobres sustenta e protege o Império dos perigosos ventos democráticos que assolavam a Europa pós-napoleônica com toda a lealdade, fidelidade e interesse em perpetuar esta Dinastia que os dignifica como nobres e que, provavelmente, teria se mantido se houvesse um herdeiro masculino para ser Pedro III.


13] Uma referência Familiar:


BRASÃO da FAMÍLIA AVELLAR e ALMEIDA


 Este Brasão foi concedido por Carta de Brasão em 1881, e está registrado no Cartório da Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil, Livro II, folhas 9/11, ao Barão de Avellar e Almeida, Decreto de 7/1/1881, cujo título está registrado no Livro X pág. 70 Seção Histórica do Arquivo Nacional. É um título concedido ad personam sul cognome, isto é, dado a uma pessoa específica e apoiado sobre o nome da família do titulado. Esta forma de título só é usada quando o Imperador deseja prestar homenagem também à família, dignificando-lhe o nome. O Brasão tem um pé de café e uma abelha como arma heráldica e pode ser usado pela Família Avellar e Almeida de Manoel de Avellar e Almeida, 4ªavô de Anibal, sem o Coronel (coroa) e a comenda, que são exclusivos do Barão e não são hereditários, conforme as leis de heráldica e do Direito Nobiliárquico: (Fonte Documental: Mário de Méroe, Estudos sobre o Direito Nobiliário, Centauro Editora, São Paulo, 2000, pgs: 25/26), abaixo a diferença entre o Brasão concedido em 1881 ao Barão e o que pode ser usado pela família.


  


       Barão Avellar Almeida    Família Avellar Almeida


 Nota: Caio Prado Jr. reconhecia que a monarquia, durante os anos de Império, garantiu a unidade e a estabilidade do Brasil, sempre apoiada na aristocracia rural (Oliveira Vianna) que continha em seus quadros o que havia de mais culto no Brasil e evitou exemplarmente a desordem completa de nossos vizinhos sul-americanos, vivendo sob ditadura ou desenfreada demagogia.


Bibliografia consultada para estruturar este trabalho:


As imagens e fotos que ilustram o texto são de dominio público e foram tiradas do jornal A Folha de São Paulo nas várias publicações sobre 1822.


O Brasil no Tempo de D. Pedro II, Fréderic Mauro, Cia. das Letras, 1991.


A Cidade e o Planalto, Gilberto Leite de Barros, Martins, 1967, I Tomo, em especial as pgs: 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,17, 19, 21, 22, 23, 27, 28, 29, 35, 36, 37, 38, 40, 41, 44, 45, 49, 53, 54, 57, 60, 82, 83, 85, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 123, 124, 164, 168, 169, 173, 174, 180, 186, 188, 191, 193, 196.


As Barbas do Imperador, Lillian Schwarcz, São Paulo, 1996.


Titulares do Império, Carlos Rheingantz, Rio de Janeiro, 1960.



Genealogia Paulistana, de Luiz Gonzaga da Silva Leme, (*1852 - †1919)


Título Moraes: Volume VII: Pág. 03, Pg. 25 e 56


Volume VII pg 3 > Moraes: Esta família teve princípio em Balthazar de Moraes de Antas, 12º avô de Anibal, que de Portugal passou a S. Paulo onde casou com Brites Rodrigues Annes f.ª de Joanne Annes Sobrinho, que de Portugal tinha vindo a esta capitania trazendo solteiras três filhas, que todas casaram com pessoas de conhecida nobreza.


Pedro Taques, de quem copiamos esta notícia sobre os Antas Moraes e que por sua vez copiou-a do título dos Braganções na livraria de José Freire Monte Arroio Mascarenhas em 1757.




Ensaio Geral, 500 Anos de Brasil, Heródoto Barbeiro, Bruna Cantele, São Paulo, 1999.


Estudos sobre o Direito Nobiliário, Mário de Méroe, Centauro Editora, São Paulo, 2000, em especial as pgs: 14, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 38, 43.


As 4 Coroas de D. Pedro I, Sérgio Correa da Costa, Paz e Terra, 1996.


Anuário Genealógico Brasileiro, 1  Anno pgs: 85, 258 a 260, 2º Anno pgs: 21 a 74 e Vol. IX (Penúltimo), São Paulo, 1947.


Carlota Joaquina na Corte do Brasil, Francisca Nogueira de Azevedo, Civilização Brasileira 2003.


Brasil Terra à Vista Eduardo Bueno, L&PM 2003.


Brasil: uma História Eduardo Bueno, Ática, 2003.


Pedro II do Brasil, Glória Kaiser, Rio de Janeiro, 2000.


Império à Deriva, Patrick Wilcken, Editora objetiva, RJ, 2004, várias páginas tem trechos citados.


História do Brazil, Rocha Pombo, Benjamin de Aguila, Edição Ilustrada.


A reordenação urbanística da nova sede da Corte, Nireu Oliveira Cavalcanti.


1808, Laurentino Gomes, Planeta, 2007.


Versalhes Tropical, Kirsten Schultz, Civilização Brasileira, 2008.


Diários de um Rei Exilado, Alejandro Maciel, Landmark, 2005.


História do Brasil, Empreendedores, pg. 53, Jorge Caldeira, Mameluco, 2009, SP.


Dona Leonor de Távora, Luiz de Lancastre e Távora, Quetzal, Lisboa, 2003.


História de Portugal, 4º Volume, José Mattoso, Estampa, 1998. Coletânea de textos.


O Brasil é o Vale, Paulo Lamego, Gráfica Duboc, 2006.


Um espelho distante, Bárbara Tuchman, Jose Olympio, 1999.


A história da fundação do Banco do Brasil Edição Kok&Martins, 2007.


Gold: true cost of a global obsession, National Geographic, January/09: a quantidade de ouro enviada do Brasil é controversa, neste artigo é informado que ao longo de TODA a história humana a mineração só foi de 161.000 toneladas de ouro das quais, 50% nos últimos 50 anos, pág. 43, e a produção em 2007 chegou a 3.800 toneladas, pg. 53.


A Corte no Exílio, Jurandir Malerba, pgs: 18, 20, 21, 38, 39, 52, 53, 54, 55, 56, 60, 68, 69, 70, 71, 72, 88, 120, 121, 126, 127, 129, 130, 131, 135, 138, 139, 141, 142, 143, 145, 146, 148,149, 151, 152, 154, 155, 156, 157, 159, 166, 167, 168, 169, 172, 173, 174, 175, 176, 178, 179, 180, 181, 182, 184, 185, 189, 198, 199, 2001, 202, 203, 204, 205, 208, 209, 211, 212, 213, 215, 216, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 231, 232, 233, 234, 235, 237, 238, 239, 242, 243, 246, 247, 249, 250, 251, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 259, 261, 262, 263, 264, 265, 266, 267, 268, 269,270, 271, 272, 273, 278, 279, 280, 281, 282, 283, 284, 285, 288, 289, 291, 292, 299, 326, 327, 328, 329, 330, 331, 336, 341, 342, São Paulo, 2000, e destacando a pg 213:




# The Bee: Symbol of immortality and resurrection, the bee was chosen so as to link the new dynasty to the very origins of France. Golden bees (in fact, cicadas) were discovered in 1653 in Tournai in the tomb of Childeric I, founder in 457 of the Merovingian dynasty and father of Clovis. They were considered as the oldest emblem of the sovereigns of France.


 
















 
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Genealogia e Historia = Autor Anibal de Almeida Fernandes